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Projeto mobiliza a Universidade para estudar a história e a cultura Kaingang na região do Vale do Taquari

Postado as 09/01/2023 09:00:30

Por Lucas George Wendt

O projeto de extensão História e cultura Kaingang desenvolvido pela Universidade do Vale do Taquari - Univates tem o objetivo de atuar com os indígenas que se encontram em territórios localizados principalmente em Lajeado, Estrela, Tabaí e Cruzeiro do Sul, visando a conhecer a história, os traços culturais e as condições atuais de sustentabilidade, meio ambiente, educação e saúde. 

As atividades são desenvolvidas nas comunidades envolvendo bolsistas, estudantes e professores, observando as demandas colocadas pelos Kaingang, buscando revitalizar traços culturais e possibilitar melhorias em sua qualidade de vida. O projeto iniciou em 2009 e segue ininterruptamente desde então. São 23 pessoas, de forma mais direta, envolvidas com as ações do projeto. 

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Além do coordenador e dos dois bolsistas de extensão, em 2022 o projeto contou com os seguintes voluntários: dois professores da Instituição Sinodal de Assistência, Educação e Cultura – Departamento de Assuntos Indígenas – Conselho de Missão entre Índios (Isaec/DAÍ/Comin), três professores da Univates, 11 estudantes de cursos de graduação e do Programa de Pós-Graduação em Ambiente e Desenvolvimento da Univates, três estudantes intercambistas do Chile e um da Argentina.

No decorrer do ano de 2022, o projeto atuou com uma média de 100 pessoas Kaingang e ocorreram 22 saídas de campo para as  comunidades Kaingang do Vale do Taquari. 

Quais ações derivam do projeto?

As ações extensionistas têm como foco a comunidade Kaingang da área indígena Foxá, em Lajeado, Jamã Tÿ Tãnh, em Estrela, Pó Mág, em Tabaí, e Tãnh Mág, em Cruzeiro do Sul, mediante a aceitação por este grupo étnico tendo em vista as suas especificidades como sociedades distintas que são. Atividades estão compostas por rodas de conversas com os Kaingang, as quais versam a respeito de temáticas sobre a história, o artesanato, o patrimônio natural e cultural, questões sobre saúde, educação e modo de vida, nas quais se procura recorrer às observações diretas, registros em diários de campo, registros fotográficos, filmagens e vídeos, bem como mediações, problematizações e reflexões levantadas pelos integrantes da equipe extensionista.

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Objetivos da ação

- Viabilizar relações sociais e humanas contínuas entre a comunidade Kaingang, professores e estudantes da Univates, com vista à troca de saberes e processos de aprendizagem a respeito da história e de traços culturais indígenas;

- Instigar o levantamento da realidade dos Kaingang em contextos urbanos próximos à RS 130, bairro Jardim do Cedro, em Lajeado, à margem da BR 386, em Estrela, e também próximo à BR 386, em Tabaí, à margem da RS 130 em Cruzeiro do Sul, no que diz respeito ao processo histórico, cultural, sustentabilidade, meio ambiente, educação e saúde;

- Auxiliar no registro e divulgação da temática indígena na Univates e no Vale do Taquari, tendo em vista as diretrizes curriculares do MEC, conforme Resolução CNE/CP no 01, de 17/06/2004, e a Lei 11.465, de 10/03/2008;

- Oportunizar e assessorar diálogos e encaminhamentos de demandas da comunidade indígena Kaingang com a universidade, agências oficiais e demais parceiros no Vale do Taquari e de outras regiões.

Abrangência do projeto

“Em linhas gerais, o grupo foco do projeto são os indígenas Kaingang que vivem em contexto urbanos em municípios da bacia hidrográfica do rio Taquari, como é o caso das comunidades Foxá, em Lajeado, Jamã Tÿ Tãnh, em Estrela, Pó Mág, em Tabaí, e Tãnh Mág, em Cruzeiro do Sul, mas também temos interfaces com as comunidades Pó Nãnh Mág e Ka Mag, em Farroupilha, Por Fi Gâ, em São Leopoldo, e Ỹmã Topẽ Pẽn, em Porto Alegre”, descreve o pesquisador doutor Luis Fernando da Silva Laroque, coordenador do projeto. “Isto porque a cartografia Kaingang não está pautada na geopolítica do Estado Nacional Brasileiro, tendo em vista que se territorializam considerando espaços das bacias hidrográficas do Sul do Brasil, o que em sua cosmologia chamam do grande território, local onde se encontram enterrados os umbigos dos seus antepassados”, complementa Laroque. 

Tuane Eggers

O projeto, atendendo a solicitação dos próprios indígenas Kaingang, no decorrer de sua existência, tem contribuído com registros fotográficos e fílmicos de cerimoniais, tais como relações matrimoniais, escolha da mais bela índia, comemoração do Dia do Índio, festa do Kikikoi e festividade dos Kujãs e participação dos indígenas no Dia do Gaúcho. Os materiais elaborados são repassados a eles tendo a identidade, traços culturais e o jeito de ser indígena potencializados, tanto para os Kaingang como para a sociedade envolvente, possibilitando a socialização do conhecimento e a retroalimentação entre a Universidade e a Comunidade Indígena.
Pesquisador doutor Luis Fernando da Silva Laroque, coordenador do projeto.

“De forma indireta, as ações do projeto tendem a contribuir para transformar a falta de condições básicas das comunidades Kaingang trazendo, por meio da divulgação e discussão na sociedade do Vale do Taquari, a necessidade do reconhecimento de espaços sociais diferenciados e específicos a que, como indígenas, têm direito por lei. Nesse sentido, salienta-se ainda que conhecer e divulgar a história e cultura Kaingang como ação pode contribuir para elaboração de políticas públicas efetivas e adequadas à sua cultura e à realidade de vulnerabilidade social e econômica que enfrentam, dentre as quais estão a prevenção e o atendimento à saúde primária, a criação de legislações específicas como sociedades distintas e oferta de uma educação indígena e bilíngue”. 

Articulando extensão e pesquisa

O projeto articula a extensão e a pesquisa por meio do entrecruzamento das experiências. No âmbito da pesquisa, as iniciativas com os Kaingang estão relacionadas aos macroprojetos do Programa de Pós-Graduação em Ambiente e Desenvolvimento (PPGD) “Sociedade e cultura: história ambiental, etno-história e cultura material”, coordenado pela professora doutora Neli Galarce Machado, "Paleobotânica e paleoambientes”, coordenado pelo professor doutor André Jasper, e “Identidades étnicas e desdobramentos socioambientais em espaços de bacias hidrográficas", coordenado por Luís Fernando da Silva Laroque. 

Já foram realizados diversos trabalhos acadêmicos no escopo desses projetos. No curso de História foram produzidos 12 Trabalhos de Conclusão de Curso e no curso de Direito dois. No PPGD aconteceu a produção de oito dissertações de mestrado e três teses de doutorado, assim como a produção de um livro e de dezenas de artigos científicos e capítulos de livros publicados que versam sobre a temática indígena Kaingang.

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