A aula inaugural “Cultura afro-brasileira no contexto educativo: relações étnico-raciais”, promovida pelos cursos de licenciatura da Universidade do Vale do Taquari - Univates, reuniu na última terça-feira, 6, no auditório do Prédio 7, quatro palestrantes que trabalham ou pesquisam sobre a questão racial. A temática está relacionada com o décimo objetivo de desenvolvimento sustentável da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU), trabalhado pela Rede ODS Brasil, à qual a Univates é afiliada.
Pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a única data comemorativa obrigatória é o dia 20 de novembro, quando comemora-se o Dia da Consciência Negra. Muitas vezes outras datas são mais trabalhadas, apesar de não serem obrigatórias, e a temática negra acaba não perpassando todo o currículo, como previsto Viviane Inês Weschenfelder
Por fim, o mestre e professor da Univates Sergio Nunes Lopes falou sobre a cultura afro-brasileira e o ensino superior e as novas lógicas de construção de conhecimento na Universidade. Lopes tratou da impermeabilidade da universidade em relação à cultura afro-brasileira, sinalizando acontecimentos históricos “que ajudam a explicar, não a justificar, por que isso aconteceu, e em certa medida ainda acontece”. O professor abordou historicamente o acesso elitizado à educação e discutiu uma série de convenções e tomadas de decisão, desde o poder constituído, que excluiu a cultura afro-brasileira dos currículos e os próprios afrodescendentes do ambiente universitário por muito tempo.
Sobre o acesso histórico de negros à educação, Lopes comentou que “justamente a educação, uma das ferramentas mais potentes de promoção da equidade, foi colocada a serviço do distanciamento socioeconômico. A instrução, os meios de produção e a riqueza, dessa forma, passam a ser distribuídos no Brasil numa escala inversamente proporcional à concentração da melanina na epiderme”.
Durante a noite também foram apresentados os Programas de Extensão da Univates, que recebem participação voluntária de estudantes e contribuem para a sua formação. Além do público presencial, a aula foi transmitida por videoconferência, no Ambiente Virtual, para alunos dos cursos de licenciatura na modalidade a distância.
Saiba mais
A proposta de debater sobre a cultura afro-brasileira na aula inaugural surgiu durante o trabalho de conclusão de curso da estudante Angélica Xavier, do curso de Educação Física - licenciatura, que tem o professor Leandro Oliveira Rocha como orientador. A pesquisa está em andamento e é intitulada “A cultura afro-brasileira na proposta pedagógica da Educação Física escolar”. Ao longo das orientações percebeu-se a carência de debates sobre o assunto.
