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Fontoura Xavier é o município mais vulnerável a enxurradas do rio Forqueta

Postado em 16/07/2018 09h42min e atualizado em 16/07/2018 11h13min

Por Artur Dullius

A data era 04 de janeiro do ano de 2010. Em menos de 24 horas, 220 mm de chuva foram suficientes para causar um dos maiores desastres naturais do Vale do Taquari e o maior do município de Marques de Souza. Mesmo que tenha ocorrido de forma inesperada, a cheia do rio Forqueta não apresentou nenhum registro de morte, no entanto causou inúmeros impactos sociais e ambientais na região.

Oito anos depois, o mestrando do Programa de Pós-Graduação em Sistemas Ambientais Sustentáveis (PPGSAS) da Univates Rodrigo Bald mostra que a situação poderia ter sido ainda pior. Em seu trabalho ele buscou entender os motivos que ocasionaram o ocorrido, analisando possíveis áreas de vulnerabilidade e risco à inundação na bacia hidrográfica do rio Forqueta. “A ideia foi identificar quais são as áreas alagáveis, quem mora nessas áreas, como elas estão ocupadas, para evitar futuros danos e mortes”, explica.

 

Para a realização da pesquisa, Bald fez uso de um mapa de suscetibilidade (que aponta as regiões alagáveis) e dados do Censo de 2010, com os quais foram analisados 11 municípios diferentes da região. Para isso, ele buscou identificar os perfis sociais, demográficos e de infraestrutura das áreas atingidas, analisando 16 variáveis. “Foi aplicado o reescalonamento das variáveis, para uma escala comum de 0 (menor vulnerabilidade, situação tranquila) a 1(maior vulnerabilidade, situação crítica)”, conta.

Conforme o estudo, entre as variáveis que tornam uma área vulnerável, 52% dos fatores estão ligados a questões sociais, como a alta ocupação de idosos e crianças, a baixa renda da população e as dificuldades de locomoção. Já 25% dizem respeito ao saneamento e ao padrão construtivo dos imóveis e 21% ao fator demográfico. Na sequência o mestrando realizou uma classificação dos riscos hidrológicos por meio do cruzamento entre os mapas de vulnerabilidade e suscetibilidade.

Com isso, Fontoura Xavier foi considerada a cidade mais vulnerável dentro da bacia hidrográfica do rio Forqueta. A conclusão ocorreu devido ao fato de, segundo os dados obtidos do IBGE (2010), a região contar com grande quantidade de crianças, moradores com renda inferior a um salário mínimo e falta do recolhimento de lixo e tratamento de esgoto em grande parte das moradias.

Para complementar o estudo, o mestrando também realizou entrevistas com moradores do município, que afirmaram não se considerarem vulneráveis. Segundo ele, essa percepção por parte da população contrasta com os dados geográficos, os quais apontam risco de eventos extremos na bacia estudada. A ideia, agora, conforme Bald, é produzir uma cartilha para demonstrar os riscos dentro de cada cidade. “Com isso, os municípios podem cadastrar os moradores vulneráveis e em maior risco, para facilitar uma orientação mais precisa e eficaz”, conclui.

Inscrições abertas

O PPGSAS concentra-se nas áreas de Tutela Jurídica Ambiental e Sustentabilidade da Cadeia Produtiva. O Programa oferece 31 vagas para o mestrado. As inscrições podem ser realizadas até 19 de outubro pelo site www.univates.br/ppgsas/processo-seletivo.