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Professora do CCHS da Univates pesquisa produção de memes no doutorado

Postado as 19/10/2020 14:03:11

Por Lucas George Wendt

A Universidade do Vale do Taquari - Univates conta com mais uma professora doutora atuando em seu quadro de docentes. É Renata Lohmann, do Centro de Ciências Humanas e Sociais (CCHS) e Centro de Educação Profissional (CEP). A professora desenvolveu sua pesquisa pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Ciência da Informação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). 

A trajetória na pesquisa começou com o TCC, quando a professora trabalhou com subjetividade e fotojornalismo e, na sequência, com o mestrado, no qual ela estudou a estética do Instagram e a da lomografia, técnica de fotografia que permite a geração de imagens analógicas com cores saturadas por meio de equipamentos de baixo custo. No fim da dissertação de mestrado Renata chegou à expressão “imaginário comunicacional”. Inicialmente a ideia para o doutorado era aprofundar o desenvolvimento do conceito, o que acabou não se confirmando.  

Lucas George Wendt

Durante a tese, construída ao longo de quatro anos, a professora decidiu estudar os memes. “Nunca tinha considerado trabalhar em pesquisa com memes. Vi que existe vasta área de pesquisa chamada memética, incipiente no Brasil. Decidi relacionar isso com o imaginário comunicacional, aproveitando o caráter de ineditismo da pesquisa na área”, explica a docente. 

Como pressuposto das discussões da tese, foi pautada a existência de um imaginário comunicacional, em que o homem contemporâneo é compreendido por suas habilidades nas redes sociais, pela exigência da publicização do privado, pela obsessividade da partilha da intimidade e pela grande quantidade de imagens em circulação. Nesse sentido, os memes são parte importante do imaginário comunicacional e, por meio do estudo, a professora procurou entender os caminhos que este tipo de linguagem da internet percorrem até que se efetivem. 

A professora abordou conceitos como o da lógica hipermemética, que diz que qualquer coisa pode se tornar um meme: uma guerra, um jogo de futebol ou uma gafe tornada pública. Além disso, trabalhou com a lógica da reapropriação de conteúdo, quando algo é tirado do contexto on-line e remixado; com a cultura de participação, que diz que as pessoas precisam participar desses movimentos; com a ideia de compartilhamento como verbo motor da nossa vida on-line; e, por fim, com a grande ênfase que se dá à produção amadora destes conteúdos. “A partir das teorias sobre o humor, e do viés do imaginário, veremos a importância da função lúdica e seu papel ao assegurar uma catarse nas transições entre os mundos interior e exterior”.

“A partir do conceito de iconofagia, fenômeno que diz que em alguns momentos imagens são devoradas e em outros as imagens nos devoram, tratamos da multiplicação exacerbada das imagens e do trajeto dos memes partindo de um ambiente marginalizado até se encontrar integrado aos papéis sociais e a um nível racional de pensamento”, observa a professora.  

“O mais legal desta tese foi, a partir dos memes, discutir questões fundamentais da nossa produção cultural contemporânea na Internet para conseguir investigar o nosso comportamento on-line”, comenta a doutora. “Descobrimos que essa miríade de imagens é guiada pelos simbolismos e que é através do imaginário que o homem pega em armas, e enfrenta o tempo pela hipérbole e pelo exagero”, explica a docente.

Concluir o doutorado é uma grande realização, comenta Renata. “Eu me sinto extremamente privilegiada por poder ser professora e pesquisadora. Gosto de pensar que comecei pesquisando uma área mais específica e fui ampliando a atuação. Parti do Fotojornalismo, fui para a Fotografia e terminei na Filosofia. Não consigo ver minha trajetória desvinculada do que eu estou praticando na sala de aula”, conclui ela. 

O trabalho foi orientado pela professora doutora Ana Taís Martins Portanova Barros. Os membros da banca foram as doutoras Ana Paula da Rosa (Universidade do Vale do Rio dos Sinos), Rosane Maria Cardoso (Univates), Helenice Carvalho e Raquel da Cunha Recuero, ambas da UFRGS.