Utilizamos cookies neste site. Alguns são utilizados para melhorar sua experiência, outros para propósitos estatísticos, ou, ainda, para avaliar a eficácia promocional do nosso site e para oferecer produtos e serviços relevantes por meio de anúncios personalizados. Para mais informações sobre os cookies utilizados, consulte nossa Política de Privacidade.

Ceiba speciosa no campus da Univates

Artur Dullius

Com estudo sobre casca de árvore com potencial para tratamento de doenças gástricas, Univates tem mais uma patente aprovada pelo Inpi

Postado as 15/04/2021 14:20:46

Por Lucas George Wendt

Fique por dentro de tudo o que acontece na Univates, clique nos links a seguir e receba semanalmente as notícias diretamente no seu WhatsApp ou no Telegram

Artur Dullius

Ceiba speciosa no campus da Univates

Ceiba speciosa no campus da Univates

A Ceiba speciosa, conhecida popularmente como paineira, é uma árvore de grande porte que pode alcançar até 30 metros de altura. É comum encontrá-la no território gaúcho. O que poucos sabem é que a casca dessa árvore pode esconder um poderoso elemento para o tratamento de doenças gastrointestinais. A planta nativa das florestas brasileiras e de outras regiões do sul da América Latina motivou uma investigação iniciada na Universidade do Vale do Taquari - Univates em meados de 2014 e que, em 2021, gerou a segunda patente aprovada na Universidade. 

Os resultados apresentados em pesquisa sobre as propriedades da Ceiba speciosa em enfermidades em ratos demonstram que a espécie vegetal possui potencial biotecnológico e farmacológico no tratamento de úlcera e lesões gástricas. Além disso, o Sistema Único de Saúde (SUS) brasileiro tem interesse na utilização de espécies vegetais, devido ao seu potencial como componente terapêutico em medicamentos fitoterápicos.

A pesquisa com a Ceiba speciosa

Os estudos foram realizados em caráter experimental e deram origem a um pedido de registro de patente encaminhado pela Instituição ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi) em 2015. Recentemente a patente foi aprovada pelo órgão, o que assegura à Univates a possibilidade de seguir pesquisando as propriedades da Ceiba speciosa com a chancela e a propriedade intelectual garantida. 

O estudo teve início em 2014 a partir de uma proposta da então mestranda Juliana Dorr. A coordenadora dos trabalhos em torno da patente é a professora doutora Márcia Inês Goettert, do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia (PPGBiotec) da Univates. Em 2014 Marcia coordenava o projeto de pesquisa Biotecnologia e farmacologia de produtos naturais. A pesquisa teve colaboração de outras instituições. 

A utilização da casca de Ceiba speciosa na medicina popular é relatada por moradores da região do Vale do Taquari para o tratamento de doenças como úlceras e gastrites. Juliana se interessou nesta planta especificamente pela vontade de estudar fitoterápicos e pela experiência de um parente que tratava úlcera gástrica com a casca da paineira. “A água em contato com a casca tem papel solvente e a capacidade de extrair alguns dos compostos presentes na casca responsáveis pelo efeito”, afirma Márcia.

Artur Dullius

Professora Márcia Goettert e Juliana Dorr

Professora Márcia Goettert e Juliana Dorr

Em busca de metodologias que permitissem avaliar esse potencial benéfico antiulcerogênico, foram também preparados diferentes extratos, como o etanólico, o aquoso e o etnofarmacológico (caseiro). Para investigar o efeito mencionado pela população local que faz uso da planta, o grupo de pesquisa realizou diferentes análises por meio de atividades in vitro (com células humanas) e in vivo para auxiliar na elucidação do mecanismo envolvido.

“Para a nossa surpresa, um dos extratos preparados com a planta reverteu a situação (úlcera induzida). O animal tratado com o extrato da planta teve uma resposta positiva comparável com os animais que foram tratados com omeprazol, um medicamento utilizado para o tratamento de gastrite e úlcera”, explica Márcia. 

Lucas George Wendt

Ceiba speciosa

Ceiba speciosa

 

Importância das plantas medicinais 

Apesar dos avanços no desenvolvimento de novos fármacos, as plantas continuam sendo uma alternativa terapêutica importante para o tratamento de várias doenças, porém, ainda é pequeno o percentual de espécies vegetais estudadas do ponto de vista farmacológico em relação à biodiversidade existente. Neste contexto, os relatos da medicina popular são importantes para a seleção de espécies com potencial terapêutico. 

Neste momento entram em cena as pesquisas acadêmicas que, por meio da metodologia da ciência, podem auxiliar a transformar o conhecimento empírico da população em conhecimento científico. As pesquisadoras relatam que diversos estudos revelam o potencial terapêutico de plantas pertencentes à família Malvaceae, como Ceiba pentandra, Bombax ceiba e Ceiba glaziovii, apresentando um amplo espectro farmacológico relacionado a atividades antioxidante, antiulcerogênica e antimicrobiana. 

A equipe também explica que o tratamento de doenças gástricas é bastante oneroso, por isso, é importante a pesquisa de novos agentes terapêuticos mais seguros e eficazes e com menor custo. Dentre as vantagens da invenção das pesquisadoras, agora registrada formalmente junto ao governo brasileiro, destaca-se uma dosagem necessária pequena, evitando os potenciais efeitos colaterais que podem ser imediatos ou cumulativos.

O uso de medicamentos oriundos de produtos naturais tem crescido consideravelmente no mundo, conta Márcia. No Brasil, diversas plantas são utilizadas pela população, mesmo sem estudos científicos. Atualmente, das 71 plantas que fazem parte da Relação Nacional de Plantas Medicinais de Interesse ao Sistema Único de Saúde (Renisus), 12 delas já são distribuídas pelo próprio órgão. “Os fitoterápicos muitas vezes apresentam menos efeitos colaterais do que os medicamentos sintéticos”, diz Márcia.

As fibras finas da árvore são chamadas de paina

As fibras finas da árvore são chamadas de paina

Lucas George Wendt

Logo ods-3