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Intercambistas suecas apresentam estudo realizado durante estadia na Univates

Postado as 01/12/2022 11:32:20

Por Lucas George Wendt

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Clique aqui para conferir o texto em Inglês 

As estudantes Emma Fransson e Tekla Tingström, que estiveram em intercâmbio na Universidade do Vale do Taquari - Univates no primeiro semestre de 2022, publicaram recentemente um estudo que analisou como as atividades em áreas de cultivo de arroz no bioma agrícola dos Pampas do Sul do Brasil afetam a biodiversidade no local.

O estudo da dupla, pré-requisito para obtenção dos títulos de bacharel em Meio Ambiente, Inovação e Estudos de Sustentabilidade na Universidade de Halmstad, no sudoeste da Suécia, pode ser conferido clicando aqui (em Inglês). A pesquisa relaciona o estudo do desenvolvimento sustentável e a Agenda 2030, uma vez que se relaciona fortemente com o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 15 - Vida Terrestre. 

Lucas George Wendt



A pesquisa foi desenvolvida no Laboratório de Ecologia e Evolução da Univates, coordenado pelo professor doutor Eduardo Périco, orientador das alunas no Brasil. Os bolsistas de mestrado do laboratório, Pauline Vognach e Cléber Sganzerla, também participaram de todo o trabalho, especialmente nas coletas de campo e na identificação das espécies. Na Suécia, a pesquisa foi supervisionada pelos pesquisadores Antonia Liess e Göran Sahlen, com quem Périco tem parcerias de pesquisa. 

Para a condução da pesquisa, as estudantes utilizaram insetos aquáticos e relacionaram a riqueza (número de espécies), abundância e a composição (quais espécies estavam presentes) em três diferentes pontos de amostragem: campos de arroz orgânico, campos de arroz convencional (com agrotóxicos e fertilizantes) e áreas úmidas naturais (áreas controle, sem nenhum cultivo). O objetivo era verificar se a comunidade de insetos aquáticos variava entre as áreas e, a partir dos resultados, poder utilizar esses organismos como indicadores do grau de antropização do ambiente. 

Os insetos aquáticos são considerados excelentes indicadores ambientais, pois são organismos sensíveis a qualquer alteração antrópica no ambiente, especialmente agentes poluidores, agrotóxicos e alterações na paisagem circundante dos corpos d'água.

As estudantes suecas também relacionaram as espécies de insetos aquáticos com as características físico-químicas da água. Dessa forma conseguiram verificar como as comunidades desses insetos reagem aos agrotóxicos e fertilizantes em comparação às áreas de cultivo orgânico e áreas naturais. A utilização de agrotóxicos altera as característica físico-químicas da água, como pH, potencial de oxi-redução, oxigênio livre, sólidos dissolvidos, nitritos e nitratos. Os dados foram coletados em campo e analisados nos laboratórios da Univates. 

Os resultados não mostraram influência significativa do nitrogênio na riqueza ou abundância de insetos e o nitrito mostra influência significativa, mas não o suficiente para que se possa fazer inferências significativas. Os parâmetros da água com maior correlação com a comunidade de insetos neste estudo foram o  pH, potencial de oxi-redução (ORP), condutividade e sólidos totais dissolvidos. Esses resultados indicaram que em cultivo convencional (com uso de agrotóxicos  e fertilizantes) a água ficou mais ácida e com maior condutividade, favorecendo espécies de insetos mais generalistas, alterando a composição da comunidade de insetos em relação às áreas com cultivo orgânico e sem cultivo (áreas naturais).

Divulgação/Acervo pessoal

Tanto o valor de pH medido quanto o ORP estão fortemente correlacionados com o estado químico da água e dos insetos que ali vivem. Um valor de pH muito alto ou muito baixo não é favorável aos insetos aquáticos ou à biodiversidade das águas, nem um valor muito baixo de ORP.

As estudantes defendem que o foco das práticas agrícolas deve garantir que os processos ecológicos naturais básicos permaneçam funcionais em todos os biomas brasileiros, como o bioma Pampa, local das coletas. É necessária uma aliança entre o desenvolvimento sustentável e a implementação da segurança alimentar. Portanto, são necessárias pesquisas em diversas áreas, como nos sistemas agrícolas, que podem ser úteis para as gerações futuras e o bem-estar ambiental, como para a conservação e o uso sustentável da biodiversidade.  

Tekla assim explica os resultados. “Os principais resultados da pesquisa mostraram que a biodiversidade de insetos aquáticos diferiram entre os locais em relação à qualidade da água. Mas os resultados não puderam provar nenhuma diferença significativa na composição de insetos aquáticos nas três áreas de cultivo analisadas”. 

A jovem diz que espera poder continuar estudando as zonas conhecidas como wetlands no futuro. “Em geral, a simpatia pela natureza é um componente essencial do pensamento ecológico. A mudança humana no uso da terra e da água deve ser parte integrante das futuras práticas agrícolas, bem como do comportamento humano em relação à natureza em geral, tanto socioeconômico como biológico”, afirma. 

Tuane Eggers

Segundo o professor Périco, “os ecossistemas aquáticos são um dos mais ameaçados ecossistemas do mundo devido à poluição da água, superexploração e destruição do habitat. Apesar disso, são os ecossistemas que abrigam a maior biodiversidade e são responsáveis por uma infinidade de serviços ambientais. Ecossistemas de água doce são uma riqueza da qual depende a segurança hídrica das nações. Por isso, a importância de trabalhos que identifiquem e previnam o impacto das atividades humanas sobre esses ambientes”. 

 

O Laboratório de Ecologia e Evolução da Univates recebe frequentemente alunos da Halmstad University (Suécia). Até o momento, oito alunos suecos já passaram pelo laboratório, para desenvolver seus trabalhos de conclusão de curso na área de Ciências Ambientais. 

 

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