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Diário de bordo / Expedição à Antártica / Parte III

Postado as 21/12/2023 11:18:45

Por Lucas George Wendt

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Divulgação/InReach

 

O professor e pesquisador na Universidade do Vale do Taquari - Univates André Jasper embarcou, no dia 23 de novembro, em uma missão científica à Antártica como parte de projetos de pesquisa que integra. De lá, o Jasper narra a experiência em um Diário de Bordo. Confira o último relato na sequência e, aqui, leia a parte I do conteúdo enviado à Univates pelo pesquisador.

Primeiros dias no acampamento e início da coleta de fósseis

09/12/2023, sábado

Chegamos no acampamento hoje! Organizando as coisas. Ainda não temos energia, por isso vou economizar aqui! Bom sábado e um forte abraço de James Ross. 

11/12/2023, segunda-feira

Acampamento instalado em organização. Aos poucos tomando forma e atividades de pesquisa sendo encaminhadas. Passamos dois dias de tempo ruim. Hoje tempo bom. 

12/12/2023, terça-feira

Finalizando a organização do acampamento. São três barracas de uso coletivo (cozinha+banheiro+lounge) e sete individuais. Aos poucos as coisas vão se organizando. Agora inicia o planejamento para as coletas de campo. Há pontos próximos e outros a aproximadamente 10km daqui. Temos que intercalar para não gerarmos fadiga no processo. O que já fica claro é que teremos que andar em horários alternativos. O vento (forte!) começa todos os dias por volta 13h30min e encerra por volta da 1h30min. Isto significa que teremos que sair para trabalhar por volta das 2h30min para retornarmos antes das 13h30min. O bom é que, verão somado a altas latitudes faz com que não haja escuridão total (noite), o que possibilita deslocamento no que vocês aí chamam de madrugadas.

13/12/2023, quarta-feira

O dia amanheceu com neve, mas as condições melhoraram por volta das 10h e foi possível fazer uma primeira caminhada de reconhecimento nas áreas próximas. Foi possível chegar no “muro do castelo”, uma área rica em fósseis de moluscos marinhos e com a ocorrência de fragmentos de lenhos de plantas que viviam aqui há aproximadamente 90 milhões de anos. Isto demonstra que a Antártica já teve florestas e clima bem mais ameno do que o atual. Ainda temos muito a explorar e tenho certeza de que encontraremos fósseis bem interessantes ao longo desses dias aqui. 

14/12/2023, quinta-feira

Dia bom para coletas com pouco vento e sem neve. Foi possível coletar amostras para a nova exposição do MCN/Univates e fragmentos de lenhos aproveitando os longos períodos de luz solar, é possível trabalhar até 10 horas por dia na prospecção e coleta de fósseis em diferentes pontos. O clima está colaborando e hoje tivemos céu claro, vento de no máximo 5km/h e temperaturas entre -2 e +1ºC.  PS.: lembrando que banheiro não é um luxo com o qual se pode contar aqui. Banho, só com lenços umedecidos e necessidades em um pequeno vaso portátil, assim, todo cuidado com as condições pessoais é importante. Mas, sim, estamos todos cientes de que já não estamos nas melhores condições. 

15/12/2023, sexta-feira

Um dia muito produtivo do ponto de vista de coletas de material para pesquisa e MCN/Univates. O clima está incrivelmente favorável desde anteontem, esperamos que isso não signifique uma mudança drástica para condições desfavoráveis. A previsão para amanhã é de alguma neve e vento. Vamos acompanhar para ver como evolui. Hoje completamos sete dias no acampamento. Estamos conseguindo manter a higiene com lencinhos e talco. Não é possível lavar roupas aqui devido às restrições técnicas. 

16/12/2023, sábado 

Começou a nevar ao longo da noite e a previsão é que continue até o meio da tarde. Isto impede nosso trabalho em campo e temos que ficar pelo acampamento mesmo. Conversa, leitura e anotações são opções para passar o tempo. Cuidados com as barracas para não acumular neve em pontos críticos também é importante. A paisagem muda bastante com a neve e quando ela derrete, a lama começa a tomar conta. Mas, vamos em frente! 

Acampamento James Ross, Península Ulu, Santa Marta Slopes, Antártica

André Jasper

Pesquisador do LPEB/MCN/PPGAD/Univates 

 

Divulgação/InReach

Saiba mais

Jasper, que trabalha com os temas da Paleobotânica e Paleoambientes, lidera o Laboratório de Paleobotânica e Evolução de Biomas (LPEB) do Museu de Ciências (MCN) da Univates, e é vinculado aos cursos de Ciências Biológicas e ao Programa de Pós-Graduação em Ambiente e Desenvolvimento (PPGAD). 

Sua visita ao continente gelado tem com objetivo a coleta de fósseis visando o desenvolvimento de estudos que contribuirão para o avanço da ciência e também para aprimorar o entendimento sobre as paleofloras de Gondwana (grande continente que incluía a maior parte das zonas de terra firme que hoje constituem os continentes do Hemisfério Sul) e o impacto dos paleoincêndios vegetacionais no Cretáceo (145 milhões e 66 milhões de anos). 

O pesquisador já havia participado da OPERANTAR 12, há 30 anos, como bolsista de Iniciação Científica (IC). Hoje, retorna como pesquisador. As investigações que desenvolve na Univates estão vinculadas aos cursos de graduação em Ciências Biológicas, ao LPEB, ao MCN e ao PPGAD. 

Jasper também é integrante da equipe do projeto PALEOANTAR, iniciativa sediada no Museu Nacional e vinculada ao Programa Antártico Brasileiro - PROANTAR que, anualmente, apoia, em média, cerca de 20 projetos de pesquisa em diversas áreas como oceanografia, biologia, glaciologia, geologia, meteorologia, entre outras. Os projetos são selecionados pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

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