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Pesquisa investiga percepção de crianças de Arroio do Meio sobre répteis

Postado as 03/04/2024 11:00:32

Por Lucas George Wendt

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Luiz Liberato Costa Corrêa

Um estudo conduzido no município de Arroio do Meio revelou que estudantes do ensino fundamental apresentam uma compreensão distorcida sobre a importância e características dos répteis. A pesquisa, realizada pela Universidade do Vale do Taquari - Univates em parceria com uma escola local, analisou os conhecimentos prévios e os mitos associados a esses animais, bem como suas interações com os estudantes. O estudo é de autoria de Mathias Hofstätter, acadêmico do curso de Ciências Biológicas; Luiz Liberato Costa Corrêa, tutor do curso de Ciências Biológicas - EAD; e das pesquisadoras Elisete Maria de Freitas e Liana Johann. O texto pode ser conferido aqui. 

Os estudos sobre percepção e compreensão dos répteis têm sido realizados por pesquisadores da Univates a partir de demandas de estudantes de graduação, de professores da educação básica e das escolas da região do Vale do Taquari. O grupo já trabalhou  nessa mesma perspectiva com morcegos. E, em paralelo ao trabalho com répteis, estão conduzindo um estudo sobre anfíbios. Os resultados de todos os trabalhos convergem para uma mesma conclusão.

O contexto 

O Rio Grande do Sul, apesar de estar localizado em uma região de clima subtropical, apresenta uma herpetofauna rica. São reconhecidas 132 espécies de répteis no estado, estando 12 delas incluídas na lista de espécies da fauna ameaçadas de extinção. 

O trabalho iniciou-se com a aplicação de perguntas sobre répteis, além da realização de um desenho. Os questionários foram aplicados sem qualquer explicação sobre o assunto abordado, pois objetivou analisar os conhecimentos prévios e os eventuais mitos e preconceitos sobre o tema. As respostas obtidas no questionário foram tabuladas e interpretadas. Posteriormente foram realizados o cálculo de frequência e o percentual das respostas.

Os resultados da pesquisa, conduzida com 111 alunos do 6º ao 9º ano, mostraram que, embora haja um reconhecimento satisfatório de alguns répteis, como serpentes, lagartixas e tartarugas, há uma confusão significativa sobre outros, como a popularmente conhecida cobra-de-duas-cabeças ou cobra-cega (Amphisbaena prunicolor).

Luiz Liberato Costa Corrêa

Quando questionados sobre a periculosidade dos répteis, a maioria dos estudantes os considerou perigosos, associando-os principalmente à venenosidade e à possibilidade de mordidas ou ataques. No entanto, apenas uma pequena proporção dos estudantes reconheceu que os répteis geralmente apresentam comportamentos defensivos apenas quando se sentem ameaçados.

Além disso, a pesquisa revelou que muitos estudantes têm pouco contato direto com os répteis, com uma proporção significativa relatando ter matado um animal quando o encontrou. O medo e a repulsa também foram sentimentos comuns associados a esses animais, destacando uma aversão enraizada na sociedade.

O estudo, no entanto, também destacou a eficácia das abordagens educacionais na reformulação das atitudes e comportamentos em relação aos répteis. Intervenções educacionais podem desempenhar um papel importante na redução dos sentimentos negativos associados a esses animais, permitindo uma apreciação mais ampla de sua importância no ecossistema.

Diante desses resultados, os pesquisadores enfatizaram a importância da Educação Ambiental não apenas nas escolas, mas em toda a comunidade. O conhecimento e a compreensão sobre os répteis podem não apenas promover uma coexistência mais harmoniosa entre humanos e animais, mas também garantir a conservação dessas espécies essenciais para o equilíbrio ambiental. 

“Durante a pesquisa, constatamos a extensão das crenças populares e mitos que cercam os répteis, especialmente as serpentes. Descobrimos que muitas crianças acreditam firmemente em conceitos equivocados, como a ideia de que todas as serpentes são peçonhentas ou agressivas por natureza, ou ainda que as serpentes podem hipnotizar suas presas”, diz Mathias Hofstätter, um dos autores da pesquisa. “Essas crenças refletem a falta de conhecimento sobre o comportamento animal e também evidenciam como tais ideias são profundamente enraizadas na sociedade e transmitidas de geração em geração”. 

“Ao descobrir a percepção negativa que as crianças têm desses animais, os educadores podem adaptar suas estratégias de ensino para desafiar essas percepções e promover uma compreensão mais precisa e positiva dos répteis”, complementa o jovem. “Isso pode ser feito por meio da introdução de programas educacionais que ofereçam informações precisas sobre a biologia, comportamento e importância ecológica dos répteis, bem como oportunidades para interação segura e supervisionada com esses animais”. 

Hofstätter defende que, ao entender sua ecologia, comportamento e importância para o equilíbrio ambiental, as pessoas podem desenvolver maior apreciação e respeito pelos répteis, contribuindo para a conservação de habitats naturais e a coexistência harmoniosa entre humanos e fauna silvestre. “Estimular a curiosidade e o respeito pela fauna desde cedo é fundamental para formar cidadãos conscientes e comprometidos com a conservação da biodiversidade”.

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