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Samuel Renner

Estudo global revela lacunas no conhecimento sobre a diversidade de libélulas nos trópicos

Postado as 12/04/2024 10:44:01

Por Lucas George Wendt

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Um estudo publicado recentemente na mais conceituada  revista científica de biogeografia, o Journal of Biogeography, revela que a maior parte da diversidade de libélulas nos trópicos ainda é desconhecida. O estudo, realizado por uma equipe internacional de cientistas, compilou dados de mais de 56,3 mil registros de odonatos, como é conhecido o grupo, coletados entre 1970 e 2021, em toda a região Neotropical (América do Sul, América Central e região do Caribe). A pesquisa pode ser conferida neste link. 

Participaram 60 pesquisadores, entre eles um da Universidade do Vale do Taquari - Univates, professor Eduardo Périco. A coleção científica de Odonata no RS, que está depositada no Museu de Ciências da Univates (MCN-Univates), foi coletada, identificada e organizada pela equipe de pesquisadores e alunos do Laboratório de Ecologia e Evolução (Labeev), coordenado pelo professor Périco. 

A coleção da Univates é uma das maiores coleções do país e referência internacional em Odonata.  A líder do estudo é a pós-doutoranda Fernanda Alves-Martins, que trabalha no CIBIO-InBIO, Research Centre in Biodiversity and Genetic Resources, na Universidade de Porto, Portugal, tendo sido responsável por organizar os dados enviados por todos os pesquisadores de diferentes instituições de ensino e pesquisa do mundo.

Tuane Eggers

“A maior dificuldade”, detalha Périco, ao relatar o esforço de pesquisa empreendido em um estudo deste porte, “foi todos os pesquisadores organizarem os dados georreferenciados em tabelas, exatamente da mesma forma, para que pudessem ser analisados. Com relação à análise dos dados, a maior dificuldade foi conseguir padronizar estatisticamente os dados, porque as coletas foram realizadas com diferentes estratégias de coletas (de 1970 a 2021)”. 

Todos os dados utilizados tinham procedência e estratégia de coleta conhecidos, mas nem todos já haviam sido publicados em periódicos especializados, por isso todos pesquisadores envolvidos tiveram que concordar em ceder os dados para o trabalho.

Resultados do estudo

Os resultados mostraram que apenas 1% das áreas da região possuem informações confiáveis sobre a riqueza de espécies de odonatos. As maiores lacunas de conhecimento estão no Caribe, América Central, nordeste do Brasil e norte do Chile. “São regiões onde não temos grupos de pesquisas especializados em sistemática ou ecologia de odonatos”, informa Périco. 

O estudo também examinou a influência da completude da amostragem nos modelos de riqueza de espécies em relação ao clima. Os resultados mostraram que a temperatura, precipitação e evapotranspiração potencial são preditores importantes da riqueza de odonatos em toda a região Neotropical, independentemente do nível de completude da amostragem. “Os dados de completude, quando cruzados com o clima, indicaram a dependência da riqueza (número de espécies) em relação à estabilidade do clima (menos em relação à sazonalidade)”, destaca Périco. 

O professor Eduardo Périco também ressalta a importância de pesquisas que se dedicam a mapeamentos como o que foi realizado, pois “eles indicam quais áreas necessitam de maior esforço de coleta. A riqueza de alguns grupos de animais e plantas normalmente estão associadas à riqueza de outros grupos. Então, mesmo trabalhando com um grupo específico, podemos estimar a riqueza de outros. Isso permite traçar estratégias de conservação, incluindo em áreas de proteção (municipais, estaduais ou federais) locais com maior potencial de riqueza de espécies, bem como de locais que apresentam espécies endêmicas (que só existem em um determinado local)”. 

Os autores do estudo acreditam que seus resultados podem ser usados para direcionar futuros esforços de pesquisa e monitoramento de odonatos nos trópicos. Além disso, os preditores climáticos identificados no estudo podem ser usados para modelar e prever a riqueza de espécies de odonatos em diferentes cenários climáticos futuros. Atualmente o professor Périco está liderando um grupo de trabalho, junto com pesquisadores da Argentina e Uruguai, que está organizando um estudo semelhante sobre os odonatos no bioma Pampa. O Pampa é um dos biomas mais ameaçados e com menos áreas de proteção estabelecidas.

Nicole Morás

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