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Descarte de medicamentos: uma abordagem necessária

Postado as 02/12/2022 16:37:15

Por Por Juliana Assmann, mestra em Ambiente e Desenvolvimento

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Tive a oportunidade de estudar a temática de resíduos sólidos de saúde no Programa de Pós-Graduação em Ambiente e Desenvolvimento da Univates. Para discorrer sobre o assunto, não podemos deixar de relembrar fatos do passado até chegarmos nas problemáticas dos dias atuais. Dentre diversos acontecimentos, alguns devem ser citados para entendermos nossa caminhada até o presente momento, principalmente em relação à geração de resíduos sólidos de saúde e ao impacto deles no meio ambiente.

O primeiro fato importante é a Revolução industrial, que teve seu início na Inglaterra no século XVIII, sendo pioneira em diversas transformações tecnológicas, econômicas e no estilo de vida das pessoas. O aumento da geração de resíduos como resultado dos processos ocasionou, porém, problemas sanitários, desencadeando, também, graves problemas de saúde. Em 1972, o programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente foi criado para que questões relacionadas ao meio ambiente e consumo sustentável fossem discutidas com a intenção de fortalecer parcerias que estimulassem a proteção ao meio ambiente.

Outro importante acontecimento na nossa linha do tempo é a criação da Confederação das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, que ficou conhecida como RIO-92 e teve como resultado a agenda-21 com o objetivo de minimizar os impactos ambientais. Após 20 anos, os compromissos firmados em 1992 foram renovados dando origem à agenda 2030 e aos 17 objetivos de desenvolvimento sustentável que englobam tanto temáticas ambientais como de proteção e bem-estar da saúde.

A conservação do meio ambiente é um assunto paralelo à geração de resíduos sólidos de saúde, pois a prática mostra que o seu manejo envolve um conjunto de ações desde sua geração até o correto descarte. Hoje sabemos que os medicamentos possuem um papel relevante para a sociedade e já é de conhecimento que o Brasil está entre os maiores consumidores de medicamentos do mundo, consequentemente a automedicação sem a devida orientação de profissionais qualificados também é uma realidade.

O problema que envolve a automedicação irracional se torna mais grave quando pensamos nas quantidades de fármacos disponíveis e de fácil acesso para a população, e que estes assumem importante papel com a vida corrida e o hábito do imediatismo da população, pois não estamos conseguindo nos dar o tempo necessário para que os medicamentos possam fazer seu efeito, assim o consumo aumenta e a sobra de medicamentos em desuso ou fora da validade é real na maioria das residências.

O descarte incorreto dos fármacos acaba sendo realizado pela falta de informação e a carência de campanhas de educação em saúde para conscientização sobre o tema. É fato, e algumas pesquisas já demonstram, que o ecossistema está sendo afetado e alguns compostos químicos já estão sendo encontrados em pequenas concentrações nas águas, o que de momento pode não parecer preocupante, porém, quando analisados a longo prazo, podemos nos deparar com algumas resistências a compostos químicos com as quais teremos que ser capazes de lidar mais à frente.

Além do descarte incorreto ter um impacto direto no meio ambiente, um problema de saúde pública ainda maior com o qual podemos nos deparar é quanto ao descarte de medicamentos no lixo doméstico, aumentando as chances de contato e contaminação, colocando a vida de pessoas em risco, que podem fazer o uso sem saber do que se trata, gerando internações desnecessárias.

Os medicamentos representam um papel importante e necessário para a sociedade, porém devem ser utilizados racionalmente e com as devidas orientações de profissionais qualificados. O processo de educação, mudanças comportamentais e a conscientização de que mesmo aquele comprimido para dor de cabeça, que parece ser inofensivo, tem em sua composição compostos químicos que podem, ao ser descartado incorretamente, contaminar o meio ambiente deve ser abordado em todas as esferas, pois somente conscientizando as pessoas podemos evitar um grande problema de saúde pública no futuro. 

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