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Vale do Taquari: passado, presente e perspectivas para o futuro

Por Ney José Lazzari

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Postado em: 01/03/2023, 04:48:47

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Neste artigo, ele analisa perspectivas históricas da região do Vale do Taquari, características econômicas e culturais e possibilidades para o futuro local a partir do ponto de vista de quem trabalha, ao longo das últimas quatro décadas, pelo desenvolvimento regional. 

Vale do Taquari: passado, presente e perspectivas para o futuro

Por Ney José Lazzari

O último século e meio tem sido marcado pelas grandes transformações, que produziram o que conhecemos hoje como a região do Vale do Taquari. Um século e meio é um tempo ínfimo quando comparado ao tempo histórico de povos africanos, asiáticos ou europeus. Sim, o Vale também teve seus povos originários, que foram levados à força ou mesmo expulsos deste território, processo que se intensificou no último século e meio. 

Aliás, até nos padrões do Novo Mundo, o modelo de desenvolvimento econômico e social do Vale do Taquari no último século e meio tem se mostrado pujante e baseado em profundas e rápidas transformações. Poucas regiões no mundo se transformaram tanto em tão pouco tempo. Quantas regiões possuem estruturas de comunicação e transporte, de saúde e bem-estar, de educação e pesquisa, de cultura e lazer como as disponíveis no Vale do Taquari? Claro que há outras regiões ainda melhor servidas, mas com histórias e tradições bem diferentes e, em muitos casos, baseadas na produção de bens ou serviços altamente demandados pelos consumidores espalhados pelo mundo, como petróleo, turismo, tecnologia etc.

A pequena propriedade rural, com características específicas que exigem o adequado manejo e a dedicação familiar para a produção de alimentos de qualidade, passa a atender ao incipiente mercado local e também a mercados mais distantes, sejam eles nas charqueadas, na região da Serra ou na região metropolitana de Porto Alegre. Esse modelo de produção, com o passar do tempo, leva a economia local a um novo patamar com a intensificação da produção de alguns alimentos específicos, especialmente os de proteína animal como leite, carnes de aves e de suínos e ovos. 

A linha que separa a produção e o consumo rural e os típicos bens de consumo urbano acaba por ficar cada vez mais tênue e faz com que, numa região relativamente pequena como a do Vale do Taquari, haja em torno de 40 sedes de municípios ou pequenas zonas urbanas, sendo que mais de 20 delas contam com menos de 5 mil habitantes cada uma. Todos, residentes urbanos ou rurais, usufruindo de padrões de consumo muito semelhantes, cenário bastante diferente do verificado nesta mesma região há algumas décadas. 

Outra característica social que emerge desse modelo de desenvolvimento são as entidades ou organizações da sociedade civil criadas para a superação dos desafios enfrentados ao longo do tempo. Num primeiro momento, não é o Estado, mas a própria sociedade que busca e cria alternativas para resolver seus principais gargalos econômicos e sociais. Assim, o cooperativismo, o associativismo e a integração comunitária são responsáveis por inúmeras iniciativas, sejam elas no enfrentamento de questões puramente econômicas ou iniciativas ligadas à saúde, à educação e ao bem-estar social. 

Pequena propriedade familiar, produção de alimentos com qualidade, iniciativas comunitárias para a resolução de problemas e ética do trabalho são instituições e valores que compõem as bases em que se alicerça o Vale do Taquari. Essas características são, ao mesmo tempo, as molas propulsoras para o desenvolvimento da região e as travas para que o Vale dê grandes saltos. Há um processo que avança de forma relativamente constante e sólida, sem grandes rupturas ou sobressaltos. Esse modelo, com sua dinâmica interna, se retroalimenta e se manterá nesse padrão relativamente confortável enquanto fatores externos não o põem em cheque. Mas até quando? 

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