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Pesquisa, Pós-graduação

Potencial do biodiesel de babaçu motiva pesquisa e mais dois pedidos de patente para a Univates

Por Lucas George Wendt

Postado em 22/06/2021 09:35:03


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A Universidade do Vale do Taquari - Univates recentemente encaminhou ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi) o pedido de mais duas patentes. Estas são as duas primeiras em regime de cotitularidade, ou seja, quando a patente é compartilhada - neste caso entre a Univates, o Instituto Politécnico de Coimbra (IPC) e o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (IFMA). Com os dois novos pedidos a Univates tem 13 registros em análise no órgão e já obteve a propriedade intelectual de outros dois. 

A diferença entre o óleo e o azeite no contexto da pesquisa se deve à forma de extração de ambas as matérias-primas a partir do coco babaçu. O óleo foi obtido por meio de processo de extração mecânica e o azeite do coco babaçu foi extraído por aquecimento.

Atualmente, a principal matéria-prima utilizada para a produção de combustíveis é o petróleo, que se caracteriza por ter origem fóssil, não renovável e não biodegradável, sendo o principal agente agravante do efeito estufa, por meio de seus derivados como a gasolina e o óleo diesel, que ao entrarem em combustão liberam grandes quantidades de CO2. 

Os estudos que culminaram com os pedidos de patente foram conduzidos pelo então mestrando José Silva Machado, do Programa de Pós-Graduação em Sistemas Ambientais Sustentáveis (PPGSAS) da Univates, e orientados pela professora doutora Claucia Fernanda Volken de Souza, com coorientação da professora doutora Ana Angélica Mathias Macêdo, que colaborou por meio da realização de atividades experimentais em laboratórios no IFMA. Também contam com o envolvimento de João Ferreira da Silva Neto, do IFMA, e Fernando José Figueiredo Agostinho D’Abreu Mendes, do IPC, de Portugal. 

A docente argumenta que vislumbra oportunidades de produção de biodiesel a partir do óleo e do azeite de coco babaçu, especialmente se políticas públicas potencializarem a cadeia produtiva por meio da exploração sustentável dos seus produtos e subprodutos, e incentivos econômicos para o desenvolvimento de fontes alternativas e renováveis de energia. “Os biodieseis gerados a partir do óleo e do azeite do coco babaçu apresentaram características promissoras como fontes energéticas”, relata Claucia. 

O biodiesel como alternativa

A pressão mundial sobre o uso de combustíveis não renováveis obrigou alguns países industrializados a assumirem metas de redução de emissão dos gases poluentes na atmosfera durante a Convenção de Kyoto, em 1997, e se comprometerem a buscar novas formas e fontes de energias biodegradáveis e renováveis. Como alternativa, vêm sendo utilizados óleos vegetais, gorduras animais, entre outros, para produção do biodiesel e uso em veículos ou motores do ciclo diesel, resultando na diminuição da emissão de gases poluentes.

O biodiesel apresenta vantagens em relação ao óleo diesel, entre elas, ser livre de enxofre e compostos aromáticos e menor emissão de partículas. As vantagens do biodiesel também incluem menor emissão de gases poluentes; matéria-prima biodegradável, renovável e não tóxica; maior lubricidade em relação ao diesel mineral; redução no desgaste do motor; maior eficiência na queima; alto ponto de fulgor e possibilidade de ser misturado com combustíveis fósseis para a utilização em motores do ciclo diesel, além de gerar mais segurança para o armazenamento, manuseio e transporte devido ao alto ponto de fulgor. Destaca-se que a inserção do biodiesel na matriz energética mundial representa grande sinergia para o agronegócio e a redução da poluição do meio ambiente.

Portanto, o biodiesel tem possibilidade de substituir o óleo diesel derivado de petróleo e permite estabelecer o ciclo fechado do carbono que é liberado na combustão e reabsorvido no crescimento da massa vegetal, diminuindo o efeito estufa.

Biodiesel a partir do óleo de coco babaçu

O biodiesel produzido a partir do óleo de coco babaçu apresenta a capacidade de utilização em motores do ciclo diesel e também se configura como uma alternativa para a substituição de combustíveis derivados de matérias-primas fósseis e não renováveis por materiais combustíveis biodegradáveis e renováveis.

Trajetória de pesquisa 

Machado, que é engenheiro eletricista, revela que foi gratificante realizar o trabalho de pesquisa que culminou no pedido das patentes. “Me proporcionou novos aprendizados, novos conhecimentos, tive oportunidade de manusear equipamentos de alta tecnologia e compreender a logística da produção de biodiesel, bem como entender como funcionam os motores do ciclo diesel”, diz. 

Além de tratar do biodiesel, Machado observa que, a partir da sua pesquisa, foi possível entender melhor as causas da poluição ambiental devido aos poluentes expelidos pelos veículos automotores. Por fim, ele registra agradecimento. “Pude entender o quão é gratificante trabalhar em equipe, estabelecer parcerias, valorizar os saberes tradicionais das comunidades. Esse trabalho foi executado por várias mãos, as quais eu agradeço a ajuda”, conclui ele. 

O babaçu tem várias opções de uso, desde alimentação até aplicação nas indústrias de cosméticos, farmacêutica, química, veterinária e combustível. A cadeia produtiva do babaçu compreende 11 Estados e 279 municípios no Brasil. Os babaçuais ocupam cerca de 18,5 milhões de hectares no País, sendo cerca de 10,3 milhões apenas no Maranhão. 

A palmeira babaçu (Orbignya speciosa Mart.) floresce durante todo o ano, com picos de produção de agosto a janeiro. Cada palmeira produz cerca de 6 cachos de frutos, denominados coco babaçu, com altura de 10 a 30 metros e caule com 25 a 44 cm de diâmetro. As sementes pesam em média de 3 a 4 gramas, contêm entre 60% e 68% de óleo, podendo alcançar 72% em condições adequadas de crescimento da palmeira.

Professores e estudantes do PPGSAS na Univates em 2019

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