A pesquisa “A comunidade ribeirinha Santo Antônio do Rio Morais/Amazônia: história e território” foi defendida recentemente no Programa de Pós-Graduação em Ambiente e Desenvolvimento da Universidade do Vale do Taquari - Univates. O estudo foi orientado pelo professor doutor Luis Fernando da Silva Laroque e é de autoria do mestre Messias Barbosa Ramos.
O objetivo geral da investigação proposta pelo então mestrando era entender a formação da Comunidade Santo Antônio do Rio Morais, no município de Maués, e suas mudanças ao longo da história, desde sua fundação pela igreja católica em 1978 até 2021, considerando suas origens e a relação de seus moradores com o ambiente. A Comunidade Santo Antônio do Rio Morais conta com 56 famílias, totalizando 380 moradores.
O mestre reside na cidade de Maués, no Amazonas (AM), e tem origem ribeirinha. Ramos é professor no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas, campus Maués. O tema da dissertação surgiu a partir do interesse do autor em pesquisar a “ribeirinhidade”. “Outro motivo para pesquisar este tema consiste em que no Médio Amazonas, as comunidades estão incrustadas nas beiras dos rios, paranás e lagos são comuns, o que permite a produção de sociedades tradicionais que se mantêm ao longo do tempo reproduzindo um modo de vida particular”, complementa Ramos.
Quais foram os resultados do trabalho?
Como resultado apontam-se a descrição da história e da formação do território da comunidade, as transformações ocorridas ao longo do tempo, assim como as mudanças na paisagem, a cultura e as atualizações culturais como dinâmicas sociais importantes para a permanência do ribeirinho em seu ambiente.
O trabalho também discute possibilidades de enfrentamento de desafios futuros com soluções voltadas ao desenvolvimento de tecnologias sociais, a exploração sustentável dos recursos naturais por meio do ecoturismo e a organização social para beneficiar os habitantes.
“Em termos econômicos, é possível afirmar que a produção é extrativista e tecnologicamente atrasada se considerado o modelo de produção capitalista, porém, para essas populações, como se vê no texto da dissertação, o acúmulo financeiro não está entre as maiores preocupações”, indica Ramos, que também identificou que os integrantes da comunidade têm preocupação com a educação, a saúde e a qualidade de vida, sendo esses aspectos que permeiam as discussões sobre o agora e o futuro no local.
A pesquisa de Ramos identificou que a comunidade local tem uma forma de organização administrativa para tomada de decisões a partir do consenso para dar respostas às questões que afetam diretamente a localidade. Além disso, o trabalho apontou a preocupação dos ribeirinhos com o avanço das visitas não programadas ao local, levando ao aumento da geração de resíduos e do consumo de álcool - o que também impacta no aumento da violência na comunidade.
